sábado, 5 de abril de 2008
E nem é bem assim...
Das 20 escolas com melhores notas no Enem oito são do Rio; o São Bento, o Santo Agostinho e o Santo Inácio estão entre as cinco primeiras.
Hoje porém, o título da reportagem do Globo era "Enem: rede estadual tem 99 das cem piores notas", notícia não tão animadora quanto a de ontem. De fato, 88 das 100 mais bem posicionadas escolas fluminenses são privadas, das 100 piores, 99 são públicas. Contraste gritante.
No entanto, algo mais chamou minha atenção. O colégio francês Liceu Molière estava em 60 lugar na lista e segundo a reportagem, decepcionava na qualidade de ensino, junto com outros colégios de línguas estrangeiras como o Franco-brasileiro e o Britânico. Como ex-aluno do Liceu parto em sua defesa. Enquanto que em colégios onde o ensino é direcionado para a prova do vestibular ou a do enem, no Liceu, tanto o programa de ensino quanto os simulados são virados para o BAC - equivalente ao vestibular na França. De 2000 a 2005, dos 117 alunos do colégio que prestaram vestibular 110 foram aprovados e dos 235 alunos que fizeram a prova do BAC 223 passaram. O interesse da maioria dos formandos do Liceu não é o vestibular nem a permanência no Brasil, o ensino é orientado para que os alunos sejam aprovados em faculdades francesas. Isso explica as notas ruins no exame brasileiro, que diga-se de passagem, não se parece em nada com o francês. Nem pior nem melhor, apenas diferente.
Saiba mais sobre o Enem.
Visite o site do Inep.
Licença poética.
Com um índice de aprovação nas alturas (72%), o mais alto desde 2003, Lula vem se dando o direito de falar qualquer coisa. A impressa tem criticado o presidente pela sua atitude passiva em relação ao escândalo dos cartões corporativos e seu ceticismo quanto à aparição e a elaboração de um dossiê que levanta os gastos, com estes mesmos cartões, do ex-presidente.
Lula disse, e saiu no Globo de ante-ontem: “A impressão que eu tenho é que alguém encontrou um osso de galinha e tentou vender para a impressa uma ossada de dinossauro”. Com essa afirmação, ele visa diminuir a importância de que alguém dentro do governo montou um dossiê que detalha gastos sigilosos da família de Fernando Henrique Cardoso. Os dados deste dossiê estariam supostamente sendo usados para intimidar a oposição na CPI dos cartões corporativos. Num primeiro momento, o governo negou a existência de tal dossiê, revelado pela revista VEJA, porém dias depois admitiu que este existia, mas fazia apenas parte de um banco de dados. E as versões continuaram mudando diante da pressão da mídia que considerava a história “muito mal contada”.
Segundo a reportagem publicada na Folha de São Paulo, a ordem para a organização do dossiê foi dada pela secretaria-executiva da casa civil, Erenice Alves Guerra, braço direito da ministra Dilma Rousseff. E a coisa se complica. A ministra vem sendo muitíssima elogiada pelo presidente em suas andanças no Brasil, promovendo o programa de aceleração de crescimento (PAC). O envolvimento de sua secretaria-executiva na elaboração do dossiê atrai suspeitas para o seu lado. Dilma foi convocada a depor na CPI dos cartões, mas está sendo super protegida pelo presidente que, segundo muitos, estaria defendendo sua possível sucessora nas eleições de 2010.
Por isso os ossos de galinha e não a ossada de dinossauro...
Entenda a crise dos cartões corporativos:
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Momento música

Quando a gente conversa
Momento cinema.

O circuito do festival é bem amplo. Os documentários estão sendo exibidos, gratuitamente, no Unibanco Arteplex, no Arquivo Geral do rio, no CCBB, no cine Glória, no Instituto Moreira Sales e no PontoCine Guadalupe.
Vale a pena ir. Confira a programação.
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Intimidação de má fé virou moda.
Elvira escreveu, em 15 de dezembro passado, uma matéria sobre o império de comunicação montado pelos "bispos" da Universal. O resultado? A igreja incentivou os fiéis a processarem a jornalista, e em uma semana foram movidas 56 ações que tinham o mesmo texto de norte a sul do país e claro conhecimento judiciário envolvido. Todos os processos foram abertos no tribunal de pequenas causas, responsável por problemas locais, por isso o réu tem que estar presente nas audiências e não há a possibilidade, mesmo de tratando do mesmo texto, de juntar as ações em um só julgamento. E pior: foram escolhidas a dedo, para entrar com as ações, cidades de tão difícil acesso que nem a “Folha de São Paulo” chega a elas. Nessa brincadeira, Elvira já visitou cidades desde o interior da Amazônia até a fronteira com o Uruguay.
E os outros?
Árabe x Muçulmano
O Ocidente escreve muito sobre os conflitos no Oriente Médio, mas não conhece e confunde-se.
Existem diferenças entre árabes e muçulmanos?
É muito comum que se agregue à denominação étnica árabe a determinação religiosa islâmica, porém nem todo árabe é muçulmano e nem todo muçulmano é árabe.
Primeiramente, em qualquer lugar do mundo, muçulmano tem o mesmo significado que islâmico. Ambos se referem à pessoa que adota a religião do Islã. Árabe é uma denominação étnica, é aquele que cultiva e segue os preceitos e a tradição dos povos que se originam na península arábica.
Países como o Egito (árabe que também é islâmico), Turquia (99% é muçulmano e somente uma minoria é árabe) e Líbano (40% é cristão e é uma nação árabe) nos levam a entender como é importante não confundir esses conceitos.
Até mesmo os judeus podem ser árabes (não é a toa que eles brigam tanto por um pedacinho de terra menor que o estado de Sergipe no meio da península arábica). Quando viviam na Diáspora – denominação da vida judaica fora de Israel – eles praticamente se dividiram em dois cantos do mundo. Alguns foram para o leste europeu e outros para países árabes, norte da Africa e península ibérica.
Está aberta mais uma porta para corrupção.
Realmente ele mantém fortes relações de apoio com os sindicatos, pois isentar qualquer aplicação de dinheiro público de prestação de contas, é conceder tremenda regalia aos que controlam esse dinheiro. Francamente, Sr. Presidente, isso trata-se de uma, ou melhor muitas, moedas de barganha política.
Momento fotografia

Esteja em dia com as últimas do fotojornalismo (blog).
Para os que estiverem interessados em cursos de fotografia, no Rio de Janeiro, recomendo o ateliê da imagem na Urca. Alto nível.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Salve-se quem puder

Made in China

No último 10 de março, monges budistas promoveram uma passeata pacífica em Lhasa, capital da atual província do Tibete, em homenagem ao 49° aniversario do levante separatista tibetano de 59. A notícia da prisão de alguns manifestantes durante o protesto foi a gota d’água para os tibetanos, que ainda almejam a independência. O povo deixou de lado o pacifismo pregado pelo Dalai Lama e revoltas violentas explodiram nas ruas de Lhasa e em províncias vizinhas.
Contra a violência, o governo chinês reagiu com mais violência. O resultado foi uma forte repressão, culminando em censura, detenções e mortes. Os turistas foram evacuados e a imprensa também teve o acesso proibido à província.
As vésperas da realização dos Jogos Olímpicos de Pequim, o modo com que o governo chinês vem lidando com o movimento separatista assusta a comunidade internacional. Esta vem pressionando a China a usar mais do diálogo e menos da violência para lidar com os conflitos. Discussões sobre o boicote aos jogos estão abertas.
Mais notícias dos conflitos no Tibete.
Opinião

terça-feira, 1 de abril de 2008
Entenda as eleições presidenciais nos EUA
O formato das prévias varia de estado para estado e de partido para partido. Porém, o processo de consultas prévias segue uma mesma lógica em todo o país. O pré-candidato que vence num estado assegura um certo número de delegados. Esses vão à Convenção Nacional do partido como representantes das preferências de cada estado. O pré-candidato que levar mais delegados é proclamado o candidato oficial do partido à presidência.
Na primeira terça-feira de Novembro os americanos vão às urnas e votam no novo presidente. O voto é optativo e indireto. Seguindo a mesma lógica das prévias, os estados são representados por um certo número de delegados, proporcional a população deste. Delaware, tem 853 mil habitantes representados por três delegados. A Califórnia, com 36 milhões de habitantes, por 55. O candidato que tem a maioria dos votos, mesmo que por uma margem mínima, leva todos os delegados do estado para o Colégio Eleitoral, que votará no novo presidente. Vence a eleição presidencial o candidato que obtém mais de 50% dos votos.
Esse sistema, o vencedor leva tudo, é responsável por alguns resultados curiosos na história da democracia norte-americana. Nem sempre o candidato que tem mais votos do total dos eleitores do país vence as eleições. O caso mais recente ocorreu em 2000, o democrata Al Gore, apesar de ter maioria popular ao seu lado perdeu para o seu adversário, o republicano George Bush.
Slides: entenda as eleições presidenciais nos EUA
Eleições nos EUA: Obama ou Osama?
Artur Romeu
Imagine a surpresa do telespectador norte-americano. O apresentador do noticiário referia-se a assuntos da política interna, porém a imagem sorridente, ilustrando o segmento, era a do arquiinimigo da nação. Na noite da segunda-feira 18 de fevereiro, o âncora do canal NBC News, Chris Matthews, comentava o controverso uso de frases atribuídas a outros políticos pelo senador Barack Obama, pré-candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, a foto que aparecia ao fundo era a de Osama Bin Laden, líder da organização Al-Qaeda. O canal afirma ter sido um erro. A imagem não ficou no ar por mais de cinco segundos, mas não passou despercebida.
A assessoria de Obama entrou em contato com a rede imediatamente. O apresentador se desculpou minutos depois. No dia seguinte, Jeremy Gaines, porta-voz da MSNBC, dona da emissora, afirmou que “o erro era indesculpável”. Segundo a NBC (National Broadcasting Corporation), o funcionário, responsável pelo erro, foi repreendido.
Esta foi a segunda vez em que a semelhança entre o nome do senador e o do “terrorista” ecoa na mídia. Em janeiro de 2007, a notícia do telejornal da CNN (Cable News Network) era Obama, porém Osama aparecia ao fundo, com a pergunta “Where’s Obama?” sobreposta.
A rápida e inesperada ascensão de Obama surpreendeu a todos, inclusive a sua co-partidária Hilarry Clinton. A ex-primeira dama, antes dada como favorita dentro do Partido Democrata, vê agora sua candidatura ameaçada pelo jovem senador e assumiu uma postura mais agressiva. “Enquanto Hillary e Obama trocam ofensas, John McCain, já eleito representante dos republicanos, se fortalece”, conclui Rubea.
Diplomata americano palestra na PUC-Rio.
A corrida presidencial vem se desenhando num clima polêmico. O atual cenário político e o sistema eleitoral norte-americano foram o assunto da palestra do diplomata dos EUA John D’Amicantonio, que veio a PUC-Rio no dia 5 de março. “Esta eleição é a mais controversa dos últimos anos. Mais tarde, ao se estudar as eleições nos EUA, a de 2008 será certamente lembrada” Assim começou, animado, o diplomata. “Pela primeira vez, na história dos EUA, tanto um negro como uma mulher tem chances reais de chegar à cobiçada Casa Branca”.
Segundo D’Amicantonio, a força, nada convencional, de ambos representa uma mudança no modo de se pensar política nos EUA. “Obama e Hillary vêm com discursos afiados contra o governo atual, isso entusiasma os eleitores, principalmente os jovens e os cansados do governo Bush”, afirma. A retirada das tropas do Iraque e a crise econômica do país são constantemente lembradas por ambos os candidatos. “A ex-primeira dama dá mais ênfase aos problemas econômicos, enquanto o senador fixa o prazo para o fim da ocupação no Iraque e promove ruptura com o governo republicano”, analisa o diplomata. John McCain é menos tradicional quanto às premissas de seu partido, suas idéias simpáticas a projetos de anistia de imigrantes ilegais assusta os mais conservadores, mas atrai os eleitores de centro. Por outro lado, McCain é favorável a Guerra do Iraque e pretende, se eleito, enviar mais tropas, medida atualmente impopular nos EUA. “Ele (McCain) pode acabar perdendo votos, pois o foco atual dos eleitores passou da ocupação do Iraque à crise econômica”, conclui D’Amicantonio.
Quanto ao troca-troca de nomes, Obama e Osama, o diplomata não atribuiu muita importância. “Não passa de uma brincadeira, uma piada, não acredito que venha a ter relevância”. Pode até ser, mas convenhamos, piada de mau gosto.