quinta-feira, 3 de abril de 2008

E os outros?

Uma série semanal de artigos escritos por Patrick Stambowsky sobre os conflitos no Oriente Médio e as confusões mais comuns dos "ocidentais".

Árabe x Muçulmano


O Ocidente escreve muito sobre os conflitos no Oriente Médio, mas não conhece e confunde-se.

Existem diferenças entre árabes e muçulmanos?

É muito comum que se agregue à denominação étnica árabe a determinação religiosa islâmica, porém nem todo árabe é muçulmano e nem todo muçulmano é árabe.

Primeiramente, em qualquer lugar do mundo, muçulmano tem o mesmo significado que islâmico. Ambos se referem à pessoa que adota a religião do Islã. Árabe é uma denominação étnica, é aquele que cultiva e segue os preceitos e a tradição dos povos que se originam na península arábica.

Países como o Egito (árabe que também é islâmico), Turquia (99% é muçulmano e somente uma minoria é árabe) e Líbano (40% é cristão e é uma nação árabe) nos levam a entender como é importante não confundir esses conceitos.

Até mesmo os judeus podem ser árabes (não é a toa que eles brigam tanto por um pedacinho de terra menor que o estado de Sergipe no meio da península arábica). Quando viviam na Diáspora – denominação da vida judaica fora de Israel – eles praticamente se dividiram em dois cantos do mundo. Alguns foram para o leste europeu e outros para países árabes, norte da Africa e península ibérica.

Este último grupo de judeus é verdadeiramente árabe. Como se imagina, eles fumam narguille e comem kibes, burrecas e esfirras. Se não entendeu ainda, pense em árabes como o conjunto de pessoas que fala árabe e vende tecidos no Saara, centro do Rio de Janeiro.

Já os muçulmanos, ou islâmicos, são os seguidores das leis de Maomé. São indivíduos que crêem no Alcorão, o livro da religião, e rezam cinco vezes por dia virados para Meca, cidade sagrada na Arábia Saudita. Entende? É uma religião. Segundo dados do Wikipédia, “O Islã reúne hoje entre um bilhão a 1,3 bilhão de crentes” e é a segunda maior religião em número de fiéis no mundo.

Essa confusão toda ocorre por que Maomé, o fundador do islamismo, era árabe e escreveu todo o Alcorão no idioma de seu povo. Além disso, a religião e a cultura se espalharam pelo mundo quando o grande império islâmico conquistou parte da África, da Ásia e da Europa. Era costume que os países invadidos tivessem sua população convertida, mas só alguns adotaram a cultura árabe.

Não foi o caso da Turquia, por exemplo, onde joga o time do Zico, o Fenerbahace. Os integrantes da torcida, como qualquer outro turco, não gostam de ser chamados de árabes, pois são muçulmanos turcos. Imagine um coreano sendo chamado de japonês e um brasileiro confundido com argentino. De fato, não é animador.
Semana que vem o tema será a vida de judeus e árabes no Brasil.

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