quinta-feira, 29 de maio de 2008

www.vouparasuacasa.com

Por Maria Luiza e Artur
Aí vai uma dica para os mochileiros de plantão. Uma alternativa de hospedagem mais barata aos famosos albergues da juventude e, para os que já conhecem, também mais interessante, vem multiplicando adeptos e ganhando força nos últimos anos. Através de sites de relacionamento, você entra em contato com pessoas espalhadas por diversos cantos do mundo que, além de apresentá-los a cultura local, acreditem, hospedam de graça.

Dois principais sites abrigam os simpatizantes da filosofia: o HospitalityClub – www.hospitalityclub.org - e o CouchSurfing – www.couchsurfing.com. Ambos funcionam do mesmo jeito e para ser membro não se paga nada. O participante cria um perfil onde posta seus dados, como endereço, e-mail e detalhes da casa, além de um parágrafo de apresentação acompanhado de foto. São adicionadas ao perfil postagens de outros membros, contando experiências pessoais, qualificando-o como legal ou chato e confiável ou não. Esses comentários são fundamentais para aumentar a credibilidade do perfil, pois fakes – perfis falsos –, embora raros nesses sites, existem como em qualquer site de relacionamento. Quando aparecem e são detectados por algum membro, rapidamente a notícia se espalha. Este mês, circulou um e-mail entre os couchsurfers denunciando um perfil falso de um novaiorquino.

Ao definir o rumo, o viajante usa o mecanismo de busca do site para localizar os membros através de um sistema de filtros variados que engloba localidades, opções sexuais, faixas etárias, entre outros. O critério de seleção do perfil que será abordado é meticuloso. A partir do resultado da busca, procura-se interesses em comum, enquadrar-se às exigências da casa e comentários positivos de outros viajantes que já foram hospedados pelo membro. Escolhido o perfil, o site sai de cena e a comunicação se dá toda via e-mail. É importante estar ciente de que nem sempre o anfitrião eleito está disponível, inclusive é comum que ele nem responda à solicitação.

No entanto, se a resposta for positiva trocam-se algumas correspondências virtuais para as pessoas se conhecerem melhor e estabelecerem uma relação de confiança. Talvez esta seja a questão mais polêmica desse tipo de site. Afinal, é difícil confiar em um desconhecido a ponto de recebê-lo em sua casa ou de ser recebido por ele. Para Rouvena, alemã de 22 anos, que está viajando sozinha pela América do sul há um mês, “isso é medo de quem nunca vivenciou esta experiência.” Ela acredita que há uma relação de cumplicidade entre os membros do hospitality e que as pessoas estão ali com intuito de se ajudar. “Até agora não tive problemas, pelo contrário: fiz grandes amigos e estou conhecendo muito mais sobre a cultura local, convivendo com moradores das cidades”, continua.

Essa iniciativa, que parece ser fruto do mundo virtual, nasceu nos anos 70, quando surgiu uma filosofia de viagem baseada em voltar para casa com muitas histórias deixando pouco dinheiro pelo caminho. Era o início de um turismo alternativo, o mochilão. Os primeiros mochileiros também foram pioneiros na formação de uma comunidade mundial de hospedagem. Esta contava com catálogos anuais que incluíam dados básicos dos viajantes cadastrados. Os membros recebiam um exemplar do impresso em casa, a cada nova edição.

Apesar de claras diferenças tecnológicas e informativas, estas comunidades de viajantes mantiveram a mesma filosofia inicial. A crença de que pessoas têm muito mais a oferecer umas as outras do que um lugar no sofá é um dos pilares desse pensamento. O napolitano Franco Russo, 50, é adepto da filosofia desde os anos 70, para ele a vantagem financeira é secundária. “O que é realmente importante é conviver com pessoas de outras culturas e fazer amigos nos quatro cantos do mundo”.

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